quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Coisas sobre as quais eu quis falar, mas alguém já falou antes…


1- Inverno:

O inverno, aqui em Lisboa, segue ao verão, já quase não se sente o Outono. De repente, um dia, você sai na rua e vê as pessoas de bota e casacos e nota que, enfim, o inverno está chegando. Ainda não faz frio, mas é melhor confiar no conhecimento popular! No ano em que cheguei, não me vesti adequadamente e fiquei doente como nunca estive.

2- Sainha

No Brasil, quem diria, uma jovem vai a faculdade com vestido (talvez) impróprio e é ameaçada pelos colegas. Precisou sair escoltada pela polícia para não ser agredida! Além disso, chegou a ser expulsa da instituição por não estar trajada como se deve.

Existe um debate na TV (memo depois de semanas) para saber se a roupa da estudande era inadequada ou não, curta demais ou não, se ela provocou ou não. Os jornalistas se resguardam, mas dão voz e formato a esse foco do conteúdo através dos entrevistados. Ao menos o que chegou aqui a Portugal, pouco se reflete sobre a reação dos estudantes. Uns animais no cio que nunca viram uma fêmea. Por que não falar do machismo, agressividade, permissidade, etc? Por que levar um especialista XPTO para falar de como seria certo a faculdade acolher a “diferente” saber colocá-la dentro dos padrões?!!! Hein?! Quer dizer então que todos os demais que criaram aquele circo estão dentro dos padrões de comportamento esperado????

Vejo repetido o antigo discurso de “ela provocou”, “ela pediu”, ainda que mascarado pelo "devemos orientá-la para inclusão". Espero que lá no Brasil alguém tenha se debruçado sobre o tema de forma menos machista, porque o que chegou até aqui foi bastante falho…


3- Escudos


Usando como bengala o bom texto da Aline , que chegou antes com o tema, quero falar do escudo x euro. Aqui em Portugal, já está para completar 9 anos da adoção do euro como moeda nocional. Mesmo depois de tanto tempo, as pessoas continuam fazendo conversão das moedas “Pá, são 20 contos! Isso dinheiro!” Contos é uma espécie contagem, mil qualquer unidade monetária (quem não se lembra dos “contos de réis” da literatura, por exemplo?!). 20 contos, no caso, seriam 20.000 escudos, moeda em vigor antes do euro.

As pessoas há quase uma década recebem e gastam em euros, mas continuam convertendo pra saber se algo é caro ou barato. O que mais me espanta são os jovens, gente com menos de 30 anos, repetindo essa prática.

Com a entrada do euro, o poder de compra do português caiu muito, os preços subiram e o salário não acompanhou, como é comum acontecer nesse tipo de mudança econômica. Eles têm muitas saudades daquela época, entretanto, com a entrada para comunidade europeia, Portugal cresceu bastante. Avanços tecnológicos, ampliação do transportes, modernização urbana, renovação da educação foram algumas das consequências da EU em Portugal, mas eles não costumam considerar muito isso, pensam mesmo no dindin que deixaram de ter.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Na hora certa, no lugar certo (e com câmera!)

Tenho uma grande paixão por fotografia, mas acho que nunca investi o suficiente nela. Já pensei em trabalhar como fotógrafa, mas, depois que descobri o vídeo, tirei essa ideia da cabeça. Talvez seja isso, o vídeo é minha paixão profissional, uma das poucas coisas em que tive realmente prazer em trabalhar, já a fotografia é maior, é um hobby. Um momento individual de gozo que só será partilhado posteriormente.

Há alguns anos li um depoimento do Amir Klink:

"Já acordado na Antártida, ouvi ruídos que pareciam fritura. (...) Eram cristais de água doce congelada que faziam aquele som quando entravam em contato com a água salgada. O efeito visual era belíssimo. Pensei em fotografar, mas falei para mim mesmo: calma, você terá muito tempo para isso! Nos 367 dias que se seguiram, o fenômeno não se repetiu. Algumas oportunidades são únicas!"

Foto: Cartier Bresson, pra cobrir o vazio das fotos que não fizemos

É claro que, quando li, lembrei imediatamente do momento decisivo de Cartier Bresson. Tirando a metáfora que ele sugere no final, tratando especificamente de fotografias, na hora acreditei ter entendido o sentimento dele. Mas acho que só fui capaz de compreender completamente quando presenciei um momento extremamente fotográfico e não tinha máquina para registrá-lo. Vi 2 garis brincando ao lado de latões de lixo com um vestido de noiva que haviam jogado fora. No mesmo instante saquei que puta fotografia daria! Mas eu não estava “armada”…

Há pouco tempo revivi esse sentimento quando voltava do centro de Lisboa pra casa e vi no horizonte uma faixa rosa, pedi ao Rapha para passar pelo Tejo para vermos a coloração do céu de “perto” e sem os prédios como obstáculo. Prefiro nem descrever a paisagem, nunca seria capaz de fazer juz ao que vi. Novamente me arrependi por não ter ali, comigo, uma máquina e voltei a pensar no antigo plano de jamais sair de casa sem uma câmera fotográfica.
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Foto: Cristiane Chagas - Londres, o momento que eu não perdi

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