Outro dia entrei no metrô, encostei no meu cantinho e, em alguns minutos, escutei “Sai daqui! Volta pra sua terra! Vocês brasileiros deviam todos voltar para o Brasil!” E pensei, será a hora de me manisfestar?
Existe em Portugal uma onda, um sentimento xenófobo, que vem permeando todos os países europeus pelo que escuto dizer. Não foi nem uma nem duas vezes que ouvi um brasileiro contar que em Lisboa (em Londres, em Berlim, etc) alguém o mandou de volta pra casa. Dói muito você estar em uma terra estrangeira, longe das pessoas e das coisas que você ama – e que te amam –, lutando pra se manter, trabalhando três vezes mais que o nativo, pagando os impostos e ser humilhado com essa leviandade pelo simples fato de existir. Então, eu fiz uma promessa, jamais escutaria essas palavras calada. “Senta que lá vem história.” seria o meu conselho para tal interlocutor tão mal educado! Iria dar a ele uma aula de 500 anos de história na relação Brasil-Portugal e mais uns tantos de migração portuguesa mundo a fora.
Nos segundos em que passei organizando meu discurso e ao mesmo tempo oscilando entre a indignação e a dúvida – mas, afinal, será que aquele brasileiro, naquela situação específica, não teria feito nada de muito feio para dispertar tal sentimento? Nesse pequeno intervalo de tempo, aconteceu o inusitado. Um português que estava mais perto da cena que eu e viu que o brasileiro não tinha feito nada além de ser brasileiro, ficou revoltado e começou a gritar “Seu recista de merda, pá!”, “Eu sou Lisboeta e você, de onde é? Do Norte*?”, “Seu racista de merda! Ainda leva uma na tromba!!!” O português gritava enfurecido e o velhote racista de merda ficou caladinho com medo de levar mesmo uma na tromba, porque o homem chegou bem perto dele com o punho fechado, preparado para lhe dar um soco. Na estação seguinte, o lisboeta saiu do metro e o velho português e o brasileiro seguiram viagem lado a lado em silêncio.
Eu, no meu cantinho, fiquei muito contente por ter esperado e visto um compratiota sendo defendido por um português. Como diz uma amiga portuguesa que morou 2 anos no Canadá “O mundo devia ser de todo mundo.” O mundo e as pessoas deveriam estar abertos para aqueles que chegam para agregar algo de positivo.
*O sotaque do norte é muito característico e com certeza o lisboeta reconheceu e, quando disse “Eu sou lisboeta e vc? É do norte?”, quis dizer que ele mesmo sendo originário desta cidade não estava discriminando ninguém e o outro que não é dali estava humilhando um estrangeiro. Além disso, muitas vezes o pessoal do norte é discriminado aqui, mais ou menos como o nordestino no Rio. Resumindo, “quem é você para mandar alguém embora?”.
Acredito que a população portuguesa está basicamente dividida em dois grupos, os que emigraram e aqueles que nunca deixaram o país. Uma pessoa que viveu ou tem parentes vivendo fora (mesmo que não seja o Brasil, o português é um povo nômade, tem deles em toda parte do mundo, França, Luxemburgo, Inglaterra, Alemanha. A camareira do hostel que fiquei em Berlim era portuguesa!) compreende a situação do imigrante aqui, sabe o que é estar longe do seu país e sabe que a maoria trabalha muito! Então, encara os estrangeiro de outra maneira. Já aquele que só consegue ver Portugal de dentro pra fora continua achando que fizeram um grande favor às terras que colonizaram e que essas pessoas que vêm pra cá são safados que estão contaminando o país.
Existe em Portugal uma onda, um sentimento xenófobo, que vem permeando todos os países europeus pelo que escuto dizer. Não foi nem uma nem duas vezes que ouvi um brasileiro contar que em Lisboa (em Londres, em Berlim, etc) alguém o mandou de volta pra casa. Dói muito você estar em uma terra estrangeira, longe das pessoas e das coisas que você ama – e que te amam –, lutando pra se manter, trabalhando três vezes mais que o nativo, pagando os impostos e ser humilhado com essa leviandade pelo simples fato de existir. Então, eu fiz uma promessa, jamais escutaria essas palavras calada. “Senta que lá vem história.” seria o meu conselho para tal interlocutor tão mal educado! Iria dar a ele uma aula de 500 anos de história na relação Brasil-Portugal e mais uns tantos de migração portuguesa mundo a fora.
Nos segundos em que passei organizando meu discurso e ao mesmo tempo oscilando entre a indignação e a dúvida – mas, afinal, será que aquele brasileiro, naquela situação específica, não teria feito nada de muito feio para dispertar tal sentimento? Nesse pequeno intervalo de tempo, aconteceu o inusitado. Um português que estava mais perto da cena que eu e viu que o brasileiro não tinha feito nada além de ser brasileiro, ficou revoltado e começou a gritar “Seu recista de merda, pá!”, “Eu sou Lisboeta e você, de onde é? Do Norte*?”, “Seu racista de merda! Ainda leva uma na tromba!!!” O português gritava enfurecido e o velhote racista de merda ficou caladinho com medo de levar mesmo uma na tromba, porque o homem chegou bem perto dele com o punho fechado, preparado para lhe dar um soco. Na estação seguinte, o lisboeta saiu do metro e o velho português e o brasileiro seguiram viagem lado a lado em silêncio.
Eu, no meu cantinho, fiquei muito contente por ter esperado e visto um compratiota sendo defendido por um português. Como diz uma amiga portuguesa que morou 2 anos no Canadá “O mundo devia ser de todo mundo.” O mundo e as pessoas deveriam estar abertos para aqueles que chegam para agregar algo de positivo.
*O sotaque do norte é muito característico e com certeza o lisboeta reconheceu e, quando disse “Eu sou lisboeta e vc? É do norte?”, quis dizer que ele mesmo sendo originário desta cidade não estava discriminando ninguém e o outro que não é dali estava humilhando um estrangeiro. Além disso, muitas vezes o pessoal do norte é discriminado aqui, mais ou menos como o nordestino no Rio. Resumindo, “quem é você para mandar alguém embora?”.
Acredito que a população portuguesa está basicamente dividida em dois grupos, os que emigraram e aqueles que nunca deixaram o país. Uma pessoa que viveu ou tem parentes vivendo fora (mesmo que não seja o Brasil, o português é um povo nômade, tem deles em toda parte do mundo, França, Luxemburgo, Inglaterra, Alemanha. A camareira do hostel que fiquei em Berlim era portuguesa!) compreende a situação do imigrante aqui, sabe o que é estar longe do seu país e sabe que a maoria trabalha muito! Então, encara os estrangeiro de outra maneira. Já aquele que só consegue ver Portugal de dentro pra fora continua achando que fizeram um grande favor às terras que colonizaram e que essas pessoas que vêm pra cá são safados que estão contaminando o país.
1 comentário:
Gostei do seu blog. vou passar a segui-lo.
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