quinta-feira, 19 de março de 2009

Berlim em fotos

Com tanta coisa interessante na capital alemã você deve estar se perguntando porque começo esse post com a foto de uma batata frita de pimentão que eu não comi! Porque minha viagem começou e praticamente terminou cercada de pimentões!

Eu estava no avião indo para Berlim, tentando dormir, quando a passageira do lado tira um potinho da bolsa e começa a comer uns pedacinhos de fruta. Bem, frutas imaginei eu, mas quando olhei com atenção vi que eram fatias de pimentão amarelo e vermelho. Ecaaaaaaa! Eu adoro pimentão, principalmente vermelho e amarelo, mas na comida, não como café da manhã! Eu pensei comigo, esse povo alemão é mesmo estranho! Deixei pra lá a menina, os pimentões e voltei a dormir.

Mas, viajando, eu notei que o pimentão é um hábito nacional! Ou local, sei lá, só estive em uma cidade... Eles colocam pimentão em tudo! Você vai comer uma lasanha ou uma pizza com pedaços enormes de coisas vermelhas e pensa: tomate! Não, é pimentão mesmo. E por fim, a bata frita sabor… pimentão. Não podia deixar de fotografar.




Uma das coisas que mais me impressionou em Berlim foi o fato da cidade ter ido a baixo tantas vezes e ter sido reconstruída. Dois exemplos disso são o Portão de Brandemburgo e Kaiser-Wilhelm-Gedachtniskirche, ambos bombardeados na II Guerra Mundial.

O Partão de Brandemburgo foi o único que sobrou dos vários que cercavam a cidade. Já em 1806, Napoleão Bonaporte queria levá-lo a Paris, mas por motivos óbvios, o convenceram do contrário e transportaram somente a quadriga sobre ele, que em 1814 foi recuperada pelo exército alemão. Posteriormente, durante a II Guerra, a Praça Paris e toda aquele região do entorno foram a baixo. O Portão permaneceu de pé, mas ficou bastante danificado, assim como a guadriga, que pode ser perfeitamente restaurada, uma vez que os alemães, depois de tantas guerras, passaram a fazer moldes de todas as estátuas da cidade!!!

A igreja Kaiser-Wilhelm-Gedachtniskirche, ao contrário das demais zonas bombardeadas, não foi reconstruída. Manteve-se apenas uma parte dela, uma nova torre e uma nova nave foram construídas. Hoje, ela é um símbolo da destruição da II Guerra Mundial.



Esse é o Muro de Berlim, ou melhor, são, porque eram 2! Nunca tinha ouvido falar, nem fazia idéia que a construção da barreira entre a parte ocidental e parte oriental da cidade comportava em dois muros paralelos com um corredor no meio. Aquele que pode ser visto mais ao fundo, é muro do lado oriental de Berlim. Era alto e havia uma terminação abaulada em cima para dificultar que as pessoas pulassem, mas, se mesmo assim alguém conseguisse a proeza, caía no “corredor de fuzilamento” e dificilmente escapava. O muro em maior evidência na foto ficava do lado ocidental da cidade, era baixo e não tinha controle, porque não interessava ao governo deste lado reprimir o trânsito da população.



O Holocaust-Mahnmal é um memorial aos 6 milhões de judeus assassinados holocausto. Um quarteirão inteiro com blocos de pedras escuras colocadas em paralelo umas as outras, lebrando um cemitério. As pedras foram cobertas com um produto que facilita a limpeza, impedindo a fixação das indesejadas pixações. A empresa que comercializa tal produto é a mesma que fornecia o gás que matou os judeus nos campos de concentração. Como uma forma de se retratar perante a sociedade, a empresa doou o produto para proteger o monumento.



O bonequinho do semáfaro da Berlim Oriental era diferente. O governo acreditava que fazendo uma imagem mais humanizada e simpática, a população seria mais obediente ao sinal de trânsito. Com a queda do muro e a unificação da cidade, houve também a tentativa da padronização dos bonequinhos, que passariam a ser iguais ao da Alemanha Ocidental. Mas a população contestou. Eles já haviam perdido todas as antigas referência (marcas, produtos, símbolos). Com a abertura para o capitalismo, nenhuma produção do governo comunista conseguiu se manter ativa. O boneco do sinal era a única ligação que eles ainda tinham com a sua história de vida. Então, foram mantindos os dois bonequinhos, que se encontram espalhados pela cidade.


E falando em símbolos, é incrível como se vê o Brasil, os brasileiros, suas marcas, seus ícones por todo o mundo. Nessa foto temos um mural em homenagem aos nossos boleiros, um centro de depilação e um restaurante brasileiros. Falta ainda a pichação no Muro de Berlim “Fulano e Fulaninha, Uberaba, Brasil”, essa eu vi, mas não registrei... Fica pra próxima, pra galeria das vergonhas.

terça-feira, 17 de março de 2009

O tão esperado... verão?


O clima anda mesmo estranho. Esse ano fez muito frio em Lisboa, conheço quem mora aqui há 8 anos e diz não ter pego um inverno tão rigoroso desde então. Por outro lado, a primavera ainda não chegou e já está dando praia! Ou seja, o inverno lisboeta mais frio dos últimos 10 anos é também o mais quente!

Apesar dos brasileiros dizerem, "que venha o verão", "calor pra gente é mole", eu, honestamente, estou com medo deste próximo verão. Mas, como ainda tenho uma estação inteirinha para chegar lá, vou curtindo o melhor clima que um ser humano pode ter, um dia quente no ponto (sem muito suor, sem vertigens, sem dores de cabeça) e uma noite fresquinha para dormir sem grudar na cama!

obs: olha a cor de armário do casal!!!

quinta-feira, 12 de março de 2009

La salsa

Ontem, fiz minha primeira aula de salsa. Pra dizer a verdade fui arrastada pra aula kkk Eu fiquei meio envergonhada e fui ver como a aula era – do lado de fora da sala, claro – se tinha muito bailarino por lá ou qualquer coisa assim. Aí, já viu, o professor notou o meu interesse e não me deixou escapar!

Aula foi bacana. Os homens não dançavam bem, o que dificulta muito pra mim, que não tenho grandes facilidades para tal arte. hehehe Mas a inabilidade dos alunos foi compensada pelo carisma do professor, que de tão simpático conseguiu até me fazer um elogio “Você está indo muito bem, nunca fez aula de salsa antes?” (não força a barra, né, teacher?! Hahaha) Ok, para não ser antipática, eu respondi que nunca havia feito aula de dança de salão. Bem, ele quis saber então do eu já tinha feito aula, eu disse “de danças folclóricas brasileiras”. Sei que muita gente odeia essa denominação “folclórica”, eu não tenho nada contra, mas quando penso nos nossos queridos rítmos, acho que popular se adequa mais, não me pergunte o porquê. De qualquer forma, pra um tuga, achei que a primeira expressão seria mais clara. Para o meu espanto ele disse “Eu também!” Isso mesmo, ele sabe dançar frevo, maracatu, samba de roda e jogou capoeira!!! E não só aprendeu a dançar, como passou alguns meses no Brasil para aperfeiçoar.

No final da aula, ele convidou a todos para um bar de salsa não muito longe daqui de casa. Eu e o Rapha fomos. Eu fiquei muito feliz, o lugar é legal - podia ser mais animado, mas era legal - e as pessoas foram super simpáticas! Com certeza vamos voltar.

terça-feira, 10 de março de 2009

De alma lavada e enxaguada


Outro dia entrei no metrô, encostei no meu cantinho e, em alguns minutos, escutei “Sai daqui! Volta pra sua terra! Vocês brasileiros deviam todos voltar para o Brasil!” E pensei, será a hora de me manisfestar?

Existe em Portugal uma onda, um sentimento xenófobo, que vem permeando todos os países europeus pelo que escuto dizer. Não foi nem uma nem duas vezes que ouvi um brasileiro contar que em Lisboa (em Londres, em Berlim, etc) alguém o mandou de volta pra casa. Dói muito você estar em uma terra estrangeira, longe das pessoas e das coisas que você ama – e que te amam –, lutando pra se manter, trabalhando três vezes mais que o nativo, pagando os impostos e ser humilhado com essa leviandade pelo simples fato de existir. Então, eu fiz uma promessa, jamais escutaria essas palavras calada. “Senta que lá vem história.” seria o meu conselho para tal interlocutor tão mal educado! Iria dar a ele uma aula de 500 anos de história na relação Brasil-Portugal e mais uns tantos de migração portuguesa mundo a fora.

Nos segundos em que passei organizando meu discurso e ao mesmo tempo oscilando entre a indignação e a dúvida – mas, afinal, será que aquele brasileiro, naquela situação específica, não teria feito nada de muito feio para dispertar tal sentimento? Nesse pequeno intervalo de tempo, aconteceu o inusitado. Um português que estava mais perto da cena que eu e viu que o brasileiro não tinha feito nada além de ser brasileiro, ficou revoltado e começou a gritar “Seu recista de merda, pá!”, “Eu sou Lisboeta e você, de onde é? Do Norte*?”, “Seu racista de merda! Ainda leva uma na tromba!!!” O português gritava enfurecido e o velhote racista de merda ficou caladinho com medo de levar mesmo uma na tromba, porque o homem chegou bem perto dele com o punho fechado, preparado para lhe dar um soco. Na estação seguinte, o lisboeta saiu do metro e o velho português e o brasileiro seguiram viagem lado a lado em silêncio.

Eu, no meu cantinho, fiquei muito contente por ter esperado e visto um compratiota sendo defendido por um português. Como diz uma amiga portuguesa que morou 2 anos no Canadá “O mundo devia ser de todo mundo.” O mundo e as pessoas deveriam estar abertos para aqueles que chegam para agregar algo de positivo.

*O sotaque do norte é muito característico e com certeza o lisboeta reconheceu e, quando disse “Eu sou lisboeta e vc? É do norte?”, quis dizer que ele mesmo sendo originário desta cidade não estava discriminando ninguém e o outro que não é dali estava humilhando um estrangeiro. Além disso, muitas vezes o pessoal do norte é discriminado aqui, mais ou menos como o nordestino no Rio. Resumindo, “quem é você para mandar alguém embora?”.
Acredito que a população portuguesa está basicamente dividida em dois grupos, os que emigraram e aqueles que nunca deixaram o país. Uma pessoa que viveu ou tem parentes vivendo fora (mesmo que não seja o Brasil, o português é um povo nômade, tem deles em toda parte do mundo, França, Luxemburgo, Inglaterra, Alemanha. A camareira do hostel que fiquei em Berlim era portuguesa!) compreende a situação do imigrante aqui, sabe o que é estar longe do seu país e sabe que a maoria trabalha muito! Então, encara os estrangeiro de outra maneira. Já aquele que só consegue ver Portugal de dentro pra fora continua achando que fizeram um grande favor às terras que colonizaram e que essas pessoas que vêm pra cá são safados que estão contaminando o país.

Etiquetas